A ANACOM convidou a Associação Ius Omnibus, entidade sem fins lucrativos de defesa dos consumidores, para apresentar a sua atividade e o seu papel na sociedade. A conversa foi gravada e divulgada em formato videocast e podcast e o seu conteúdo é agora também disponibilizado em formato de texto.
O que é a Associação Ius Omnibus?
É uma entidade sem fins lucrativos, acreditada pela Direção-Geral do Consumidor e que nasceu em março de 2020, com o objetivo de defender e proteger os interesses dos consumidores.
A Associação Ius Omnibus pretende facilitar a construção de um mundo em que as empresas saibam que terão de indemnizar os consumidores quando violam a lei e que, consequentemente, será mais vantajoso não o fazerem. Pretende garantir uma justiça efetiva para todos os consumidores e Ius Omnibus significa precisamente isso, justiça para todos.
A equipa da Associação é constituída por académicos e profissionais portugueses e de outros países europeus. Dos associados fazem parte cidadãos de vários Estados-Membros da União Europeia e de Estados terceiros.
Como é que a Associação Ius Omnibus concretiza a tarefa de defender os consumidores?
Um dos grandes pilares da atuação da Associação é a defesa dos interesses dos consumidores através da promoção de ações populares que visam repor a legalidade e a devida compensação por danos causados por condutas ilícitas.
A Associação Ius Omnibus participa em processos de consulta pública de entidades reguladoras nacionais, como é o caso da ANACOM, colabora com entidades públicas e participa em ações conjuntas com outras associações, nomeadamente associações de defesa dos consumidores.
A Ius Omnibus tem já onze ações populares intentadas. Tem também a correr em tribunal um conjunto de ações populares contra empresas que não disponibilizaram o livro de reclamações eletrónico quando solicitado por consumidores, impedindo-os de apresentar uma reclamação nos termos da lei. Esta prática dificulta a tomada de conhecimento por parte das autoridades fiscalizadoras competentes e leva a que as empresas infratoras que vendem bens e prestam serviços online escapem ao controlo dessas entidades, fragilizando e comprometendo a proteção dos consumidores. Ao contrário da maioria das ações populares, estas ações não visam a atribuição de indemnizações aos consumidores, mas sim garantir que as empresas cumpram a obrigação de disponibilizar um livro de reclamações eletrónico.
A Ius Omnibus já soma um grande sucesso na luta pelos direitos dos consumidores. A título de exemplo, em novembro de 2021, chegou a acordo com a Associação Nacional de Topógrafos, que reconheceu que violou a lei e aceitou indemnizar os consumidores.
Nestas ações populares representam-se todos os consumidores do mercado. Como é que é possível fazer isso?
Em Portugal, vigora o sistema de opt-out, o que significa que os consumidores estão automaticamente representados. Se não quiserem ser representados, terão de exercer o direito de opt-out.
Isto significa que não têm que fazer nada se a Ius Omnibus ganhar a ação. Apenas terão de contactar a entidade designada pelo tribunal no final do processo.
Como é que a Associação Ius Omnibus financia a sua atividade?
A Ius Omnibus procede a ações populares de grande e de pequena dimensão. A maioria das ações populares da Associação não tem qualquer financiamento e, portanto, depende dos recursos escassos e de serviços jurídicos prestados em regime de pro bono.
De entre os vários modos de financiamento possíveis, o financiamento do contencioso, conhecido como litigation funding, é a forma mais eficaz de levar a cabo grandes ações judiciais. Estão aqui em causa ações que implicam investimentos de centenas de milhares de euros, pois envolvem a contratação de advogados, economistas e consultores especializados, dada a elevada especificidade das matérias. Do outro lado, estão, muitas vezes, empresas com grandes recursos e, portanto, não recorrendo ao financiamento seria impossível ganhar este tipo de ações.
A falta de recursos das associações de defesa dos consumidores tem contribuído para que a ação popular contra grandes empresas em Portugal não tenha vindo a ser tão utilizada como seria desejável, pelo que o financiamento do contencioso soluciona este problema.
Quem são os financiadores da Associação Ius Omnibus?
São entidades passivas, não interferem e aceitam todo o risco. No início, avaliam a probabilidade de sucesso da causa e só investem em ações que considerem sólidas. Suportam todos os custos e só são remunerados, ou seja, só recuperam o seu investimento, se a Associação Ius Omnibus ganhar a ação e apenas e na medida em que tal for autorizado pelo tribunal.
É importante salientar que não existe qualquer custo para os consumidores, que receberão a totalidade da indemnização a que têm direito. O montante que sobra das indemnizações destina-se ao pagamento dos financiadores nos termos que o tribunal considere justos e adequados.
A Associação considera que, se este modo de financiamento vier a vingar, poderemos estar perante uma revolução na luta pelos direitos dos consumidores.
Quando o tribunal decide a favor dos consumidores e lhes atribui um valor de indemnização, o que acontece se estes não pedirem a totalidade desse valor?
A parte da indemnização não seja solicitada pelos consumidores e não seja necessária para fazer face aos custos da autora, neste caso da Ius Omnibus, será entregue ao Ministério da Justiça para promover o acesso à justiça e futuras ações populares que promovam a defesa dos interesses e direitos dos consumidores.
Conselho da Associação Ius Omnibus aos consumidores
Tornarem-se associados da Ius Omnibus, que não tem qualquer custo ou obrigação. Para tal, deverão aceder à página “torne-se membro”, no sítio da Associação Ius Omnibus na Internet.
A Associação Ius Omnibus acredita que o acesso à justiça para os consumidores deve ser gratuito e, portanto, aplica o mesmo princípio aos seus associados, ou seja, estes não deverão ter de pagar para se juntarem à Associação e contribuírem para a defesa dos seus direitos.
Além disso, enquanto associados, poderão dar ideias e sugestões e, por exemplo, direcionar e influenciar a atividade da Associação ao participarem nas assembleias gerais.
O aumento do número de associados proporcionará uma maior representatividade junto das instituições públicas na defesa no consumidor.
Os consumidores que pretendam obter mais informações, nomeadamente sobre a missão e ações da Associação, poderão consultar o referido sítio na Internet ou enviar um email.
Assista à conversa com a Ana Carolina Almeida, Head of Office da Associação Ius Omnibus:
This website uses cookies to ensure its proper functioning and to analyse traffic. By clicking "Accept all cookies", you agree to the use of all our cookies.
By clicking "Reject non-essential cookies", you are rejecting optional cookies, but allowing the use of our essential cookies.
To check which cookies you are authorizing or rejecting, click on "Cookies policy".