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Cabo submarino de comunicações que vai ligar Portugal ao Brasil permite detetar sismos

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07.07.2020

O cabo submarino internacional de comunicações que vai ligar Portugal ao Brasil, que deverá entrar em operação no segundo trimestre de 2021, vai ter a capacidade de detetar sismos no ramo entre o Funchal e Sines, sendo o primeiro sistema internacional no mundo a ter esta funcionalidade.

Os dados sísmicos recolhidos deverão ser entregues, para armazenamento, processamento e estudo, à academia nacional e às agências e institutos públicos que estudam e abordam a atividade sísmica, com o objetivo de melhorar o conhecimento científico do fundo marítimo da plataforma continental portuguesa. A informação obtida poderá também oferecer uma contribuição adicional significativa para uma tomada de decisão sobre a produção de alertas e avisos de ocorrência de tsunamis e de terramotos.

A ANACOM tem dado particular atenção a este tema e está a seguir iniciativas que permitam aos cabos submarinos de comunicações virem a realizar deteção sísmica e ambiental (aquecimento global/alterações climáticas de acordo com os "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável" da ONU), razão pela qual se congratula com o anúncio feito pelo futuro sistema submarino ELLALINK relativamente à Madeira e continuará a apoiar a utilização dos cabos submarinos de comunicações para a deteção ambiental e sísmica.

Em 2017, a ANACOM alertou o Governo para a necessidade de substituição do anel Continente-Açores-Madeira (CAM), que estará ao serviço até o final de 2024, já que a sua substituição é absolutamente necessária para garantir a coesão territorial entre as Regiões Autónomas e o Continente. Para debater o assunto, ainda em junho de 2018, a ANACOM promoveu também a realização de um seminário em Lisboa, com a participação de operadores do Continente e das Regiões Autónomas, assim como de membros dos Governos Regionais e da República. No encerramento, a ANACOM desafiou o sector, operadores, fabricantes, etc., para que fosse considerada a possibilidade de, no novo Anel CAM, os futuros cabos submarinos realizarem deteção sísmica.

No início de 2019, a ANACOM passou a seguir de perto as atividades da Joint Task Force SMART Cables, assim como do International Cable Protection Committee, e identificou entidades nacionais que já estavam a desenvolver investigação que conduzia à utilização de cabos submarinos para deteção sísmica e ambiental, tendo acompanhado o entendimento entre as mesmas.

Também em 2019 foi criado pelo Governo um grupo de trabalho, presidido pela ANACOM e integrando representantes de vários ministérios e das Regiões Autónomas, a fim de estudar o futuro dos cabos submarinos na zona CAM. Os trabalhos do grupo ficaram concluídos no final de 2019 com a entrega de um relatório ao Governo, no qual foi claramente identificada a oportunidade e conveniência de os futuros cabos submarinos que venham a garantir a interligação CAM poderem também vir a realizar deteção ambiental e sísmica, tendo em vista a possibilidade de recolha de dados científicos e, se possível, ter-se como último objetivo a criação de condições para a emissão de alertas e avisos de tsunamis e também de sismos.